A seleção brasileira teve um jogo amistoso esta semana contra o Sultanato de Omã.
A maioria do pessoal da empresa que estava na mesma mesa nem sabia onde é que ficava Omã. Deve ser algum país da África, disseram.
Eu sabia pouco, mas por causa de meu interesse nas descobertas portuguesas, sabia que Omã ficava em uma locação estratégica na península arábica e tinha sido conquistada pelos navegadores portugueses em seu caminho para às Índias.
A capital, Mascate, foi controlada pelos portugueses por 150 anos. A palavra 'Mascate' em português até hoje é sinônimo de mercador. Ao contrário dos outros povos árabes nômades, em Mascate tivemos uma civilização sedentária baseada no comércio. É uma cidade bastante antiga.
Posteriormente o Sultanato de Omã expulsou os portugueses e passou a tomar outros territórios portugueses na África, como Zanzibar e Moçambique. Passaram a controlar o comércio nesta região, até serem novamente derrubados pelos Britânicos.
Ou seja, Brasil e Omã tem laços históricos em comum que a maioria das pessoas nem imagina.
Hoje, também ao contrário do que pensa a maioria dos brasileiros, Omã é um país rico.
Omã possui um vizinho extremamente pobre. O Iêmem, que possui várias semelhanças com Omã mas que tomou um rumo completamente distinto do vizinho. A economia de Omã era baseada na coleta de pérolas, atividade que entrou em colapso por causa da competição com pérolas cultivadas nos anos 40.
Mas aí entraram na equação os recursos naturais. Assim como em outros países da região, a descoberta de gás e petróleo mudou completamente os prospectos econômicos.
O Sultanato, surpreendentemente, conseguiu impor-se à todas as turbulências políticas que foram afetando outros países da região, como o vizinho Iêmen. O Iêmen foi dividido por ideologias da guerra-fria. Nacionalismo, Socialismo.
Enquanto isso, em Omã e em outros países prósperos no oriente médio, vemos o controle político na mão de monarcas. Surpreendentemente para a nossa cultura ocidental, estes regimes conjugam monarquia e prosperidade econômica, extremamente favorecida pela presença de recursos naturais.
Consideramos a monarquia como um sistema político ultrapassado. E enquanto isso, estes monarcas acumulam bilhões de dólares, bancam projetos de desenvolvimento gigantescos, gerenciam fundos de investimentos enormes, e assumem participações em grandes empresas na Europa. São definitivamente 'major players', tanto na esfera política quanto econômica.